terça-feira, 17 de março de 2009

Lei Rouanet está travada, dizem editores em manifesto

Produtores culturais e editores estão protestando contra o que consideram o "travamento operacional" da Lei Rouanet, maior mecanismo de fomento federal. Manifesto divulgado anteontem por representantes de um grupo de editores ligados à Câmara Brasileira do Livro (CBL) aponta para uma estratégia de burocratização progressiva da lei de patrocínios culturais, o que teria provocado a "falência operacional" da legislação.
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"Seria isso uma política de Estado velada? Algo como: ‘enquanto a mudança da lei não vem, vamos tornar a vida do produtor cultural num inferno?’", indaga o texto, que foi formulado por um grupo de 12 pequenas editoras usuárias da legislação (Bei, Metalivros, DBA, Terceiro Nome, Aprazível, Andréa Jacobson Estúdio, entre outras).
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Ontem à noite, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, considerou que boa parte do descontentamento se deve à proibição do uso de intermediários na captação de recursos por meio da Lei Rouanet. "O intermediário cobrava 20% do valor de um projeto. Um projeto de R$ 6 milhões gastava R$ 1,2 milhão com um intermediário. Isso é absurdo", ponderou. "Vamos debater isso, mas duvido que seja possível convencer alguém que é melhor com intermediários.
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Os produtores vão mais longe: veem como um "blefe" a propalada reforma da Lei Rouanet, duvidando que haja um estudo realmente aprofundado para ser apresentado ao Congresso Nacional. “O texto da proposta de modificação da lei tão anunciada pelo ministro Ferreira não chega a público, impedindo que a sociedade civil se organize para se posicionar perante tal transformação anunciada” consideram.
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O ministro disse que vai “surpreender” os céticos e “colocar na rua em uma semana” o novo texto da Lei Rouanet. O documento seria disposto para consulta pública no site do MinC e os artistas e produtores teriam 45 dias para debatê-lo antes de ser enviado ao Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.(AE)

sexta-feira, 13 de março de 2009

TV Cuca celebra 100 mil visitas e muitas parcerias

TV Cuca é uma das iniciativas que deu certo para a UNE

“Chegar a 100 mil visitas é uma constatação do poder dessa linguagem. O Youtube já bomba e a TV Cuca está estreando na modernidade, criando sua própria linguagem audiovisual”, avalia Alessandra Stropp, coordenadora de Comunicação do Instituto Cuca e estudante de Cinema da Universidade Federal Fluminense.

Para Alessandra, é importante comemorar os resultados até aqui, mas muito mais pode ser feito. “Até aqui as experiências com a TV foram boas, mas insuficientes. No início, a produção era centralizada e agora estamos cuidando de descentralizá-la para que possamos fortalecer a TV com diferentes produtores culturais de diferentes lugares.”

“Para isso, é preciso ampliar a rede de comunicadores da TV. Contamos com uma sucursal em Brasília e com o apoio de núcleos de audiovisual dos cucas locais. O diálogo entre essa rede é fundamental para que a TV continue dando certo e possa conquistar mais colaboradores e novos projetos”, afirma Alessandra.

Mídias livres

Para ela, a iniciativa é decisiva na busca da democratização do direito à comunicação. “Nossa linguagem, diferente das TVs comerciais, não está preocupada com o lucro, mas sim com as demandas culturais da sociedade. Fazemos parte do movimento de mídias livres, que rompem com a relação de produtor e audiência, já que a audiência também é produtora de conteúdos.”

Essa nova relação é apontada como um dos motivos do sucesso de audiência obtido pela TV Cuca. “A rede do Cuca é uma alternativa radical que, mesmo pequena e pobre, expressa de forma geral as tendências de oposição, abertas e veladas, nas culturas populares. O que importa é que essa mídia se comunica dispondo de exemplos mais próximos de seu grupo e fala de necessidades que nem sempre estão na agenda das grandes corporações de comunicação”, reflete Alessandra.

Diante dessa perspectiva, a TV Cuca é uma das mídias livres que buscam recursos do edital do MinC, lançado no Fórum Social Mundial (FSM) de Belém, que premiará 10 iniciativas de mídia livre com R$ 140 mil. “O prêmio é uma iniciativa ainda tímida do governo, se comparado com que ele dá aos grandes meios de comunicação, mas é a oportunidade que temos de continuar desenvolvendo esse projeto na perspectiva de lançar luzes no debate de democratização dos meios de comunicação”, defende a estudante.

Parcerias

Além da TV, o Cuca também tem hoje um blog — associado às paginas de diversos servidores de rádio, fotos, videologs e outros blogs —, coordena dezenas de pontos de cultura pelo país e um pontão, além de realizar regularmente um cine-jornal que corre as centenas de atividades do movimento estudantil.

“Os conteúdos do cine-jornal são pautados pela realidade micro do movimento estudantil. O roteiro de filmagem é definido tanto pelo que se quer falar e mostrar, como por materiais de arquivo próprio ou alheio. As filmagens acontecem na intersecção entre o que se deseja e o que é viável, tanto economicamente, quanto ética e esteticamente”, explica Alessandra.

Além do Vermelho, e partindo da parceira estratégica com entidades estudantis e grupos culturais, a TV Cuca também desenvolveu projetos com o MinC, a FMG (Fundação Maurício Grabóis), o Conjuve (Conselho Nacional de Juventude), o CEMJ (Centro de Estudos e Memória da Juventude), o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a UJS (União da Juventude Socialista), o projeto Ação Griô, entre outros.

Confira abaixo os dois vídeos produzidos pela TV Cuca, em parceria com a Fundação Maurício Grabóis e o Vermelho, por ocasião do FSM:

- FSM América Latina (3m58s):

- FSM Crise Internacional (3m):

Conheça outras produções da TV Cuca aqui:

AUTOR: Carla Santos